quarta-feira, 25 de maio de 2011

UM PORTÃO, UM OLHAR E UMA ÍNDIA...

Lembro que quando eu era pequeno, entre os 7 e 9 anos, uma coisa me assustava muito na casa onde morávamos. A partir da janela do meu quarto eu via um enorme pinheiro que ficava plantado à frente de uma igrejinha do outro lado da rua e que em dias chuvosos, onde o vento ficava mais forte, o bendito balançava tanto... mas tanto... que eu sempre pensava que ele cairia bem em cima de mim...

Imaginem a cena para uma criança... era sempre uma tormenta... eita chuva que nunca passava... eita pinheiro que balançava... eita menino que tremia... era como se meu olhar pela janela trouxesse todo o terror que habitava naquela árvore velha e podre para dentro do meu quarto... cruz-credo... UMA JANELA, UM OLHAR E UMA ÁRVORE...

O tempo passou e a criança cresceu, porém, aquelas cenas ficaram na cabeça e toda vez que o tempo fechava a lembrança ruim vinha à mente... até que...

Imaginem que peça o destino me pregou... nada como um medo novo pra fazer a gente esquecer do medo antigo e tirá-lo de vez da cabeça...

Foi numa noite fria de outono de 1999, tudo parecia tão normal... a noite anunciava um fim tanquilo e sereno... a previsão do tempo não indicava chuvas ou tempestades... não havia nenhum pinheiro podre por perto, muito menos uma janela...

Eis que então, no meio dessa calmaria, me aparece algo muito pior (um pior pra melhor - se é que isso existia até aquele momento)... algo que iria marcar pra sempre minha vida, porém, eu nunca imaginaria que o início de tudo seria aquela noite... aquele lugar... aquele momento... aquela ironia do destino que havia colocado diante de mim UM PORTÃO, UM OLHAR E UMA ÍNDIA...

Era uma portão simples e insignificante e que deve ter ficado muito bravo, pois, ninguém notou sua presença naquele momento, apesar de fazer parte da cena... o que mais me assombrou foi O OLHAR DA ÍNDIA... Aquele olhar veio como uma flecha, me acertando em cheio e roubando tudo em mim... forças, juízos, chão, sentidos...

O sentimento de medo tomou conta de mim e me queimou por dentro... nunca mais eu seria o mesmo... nunca mais aquele portão seria o mesmo... e, com certeza, aquele OLHAR DA ÍNDIA nunca mais sairia da minha cabeça... é bem verdade que naquele momento nada disso passou na minha cabeça, pois, o estrago que aquele OLHAR DA ÍNDIA estava causando em mim era ímpar. Não sabia se corria e se optasse por essa alternativa, não saberia se conseguiria, pois, as pernas não estavam mais respondendo...

Hoje em dia não tenho mais medo da chuva ou das árvores podres... isso é coisa do meu passado de criança... e pra falar a verdade, não tenho medo mais do OLHAR DA ÍNDIA, pois, o tempo me mostrou que o efeito que aquela noite causou em mim foi forte o suficiente para abalar, também, a bela ÍNDIA, transformando nossos medos em uma certeza de que ali começava uma nova etapa de nossas vidas...

A única coisa que sei é que UM PORTÃO, UMA OLHAR E UMA ÍNDIA marcaram um momento que nunca sairá da minha cabeça e sempre fará parte das minhas lembranças...

Obrigado meu Deus... Obrigado mesmo... Obrigado pelo OLHAR DA ÍNDIA...


Aproveitando o ensejo, curtam o vídeo do poeta Nando Reis ladeado por Cássia  Eller... muito bom...



Definição poética de Eternidade...

"ETERNO é tudo aquilo que dura uma fração de segundos mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata !"
Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

  1. Sua índia também tinha um colar???
    Seu mundo também virou ao contrário???Sei que você trocaria a eternidade por Ela!!!!rsrs...(metaforicamente e não biblicamente por favor!!!)
    São 8 anos semana que vem de puro amor!!!
    Fico feliz e desejo ter um amor como o de vocês!!!
    Amo vocês e o fruto do amor de vocês!!!

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